Mais Um Erro
Mais um desacerto, mais uma dor, mais um corte...Teimo em viver desacertadamente, sem abarcar a segurança do caminho.
Pois o anúncio do fortuito incrementa a fileira dos embustes inesperados.
Julgo que a ideia de jamais alcançar o sonho é o meu guia.
O descontentamento é a ponta do iceberg, aquele pequena fracção indicadora de que algo maior e imperceptível subsiste.
A angústia apressa o metabolismo e insiste em lembrar-me que não te tenho.
Precipito-me numa rosca de luzes negras, ensurdecedoras e indefinidas.
A perda de controlo destrói-me o âmago, sinto a dor extrema do meu todo fragmentado por este universo e imediatamente reconstituído.
Sinto este universo com toda a sua opressão a calcar o meu recanto secreto.
Um jardim, um palácio, um lar que algum dia sonharia em te dar.
Mas sinto que é esse o meu papel, a minha natureza, o objectivo do meu Ser, o porquê.
Pergunto-me no entanto se tal lealdade à essência merece tal humildade.
Entretanto, sou incapaz de evitar a inerente aflição.
Sensações que dopam, que aliciam, que induzem em erro, no infindável erro que repudio.
Desejo a paz que quase alcanço, estar contigo, independentemente da forma, espaço ou tempo.
Adoro o que vejo, porque te vejo com todas as sensações.
Adoro o que sinto, porque tenho esperança quando estou contigo.
Adoro o engano, porque adoro o sonho que tu protagonizas.
Adoro tudo, mas tudo falho em compreender.
Sinto o Nirvana e no entanto a dor repete-se.
Contrastes que me iludem, que me encadeiam na procura do teu sinal.
De tudo te quero proteger e tudo tenho para te dar, pois “Adoro-te” é o princípio de tudo o que tenho para te dizer.
Mas tal ensejo vocal, com certeza, adulteraria o sentimento emanado deste espírito, que percorre este meu físico, deste teu corpo de amor.
O seu teor, esse já tu o ocupas…
Repara que as romarias de termos coincidem com a separação.
Porquê?
Porque se torna insuportável esta situação…
Porque repouso contigo na abstracção…
Porque tu me acordas na inquietação…
Porque me revolta que ignores a minha paixão…
Tantas horas no passado, tão poucas as do presente que furtam o alento do futuro.
Quero-te!
Sonho em tocar-te,
Em sentir que estás ao meu lado,
Em sentir que me sentes,
Que pensas no pecado,
Que vibras com o meu suspiro,
Que me tens para sempre ao teu lado.
Atrapalho-me ao tentar perceber o significado das vertiginosas e curtas horas.
A angústia empurra-me na direcção da penumbra, do desafio ao guerreiro hercúleo.
Inerte é uma escolha impossível e lanço-me empunhando o que realmente possuo, o que nunca me poderá ser retirado, a minha arma, o meu interior, o meu fogo, o meu vigor!
A cada dia que passa, sinto-me mais perto do fim…
Ainda achas estranha a força que nos reúne...?
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