quarta-feira, agosto 24, 2005

O Homem que encontrou a Modéstia perto de um pires de caracóis

- Bom dia!
- Está a falar comigo?
- Sim, não há aqui mais ninguém... com quem poderia estar a falar?
- Ah... quer dizer... sim, é que pensei... Quem quereria falar comigo, percebe?
- Eu sou a Micaela Moura Guedes e este é o Jornal Irracional... e ainda pode observar que existe um camara man!
(- Não quero um rasca - diz o camara man!)
- Nós soubemos - continua a Micaela - que tinha encontrado uma Modéstia perto de um pires de caracóis, é verdade?
- Eu? Eu não sou capaz de encontrar nada. Foi ela que me encontrou a mim... só pode ser... eu, quer dizer eu... eu até só vejo a cores e um dos meus olhos desfoca ligeiramente...
- Nós estivemo-nos a informar e o senhor é um cientista galardoado mundialmente, o que tem a dizer sobre isto?
- Nada.
- Desculpe?
- Eu não devia ter tantas galoardices... sou muito simples... a minha mãe dormia com os mémés para os manter quentes e o meu pai vestia sacos de batatas para poupar uns tostões. O casebre onde vivo neste momento... até porque vendi a minha casa no Algarve e a hacienda ribatejana está um pouco torta por causa da madeira que está podre... mas dá para viver.
- E... já sabe que, a pessoa que perdeu essa modéstia foi atropelado por um camião enquanto atravessava a rua?
- Ah coitado! Não sabia não!... Coitado.
- Pois. Alegadamente, as últimas coisas que ele disse antes de morrer foi: "Esse camião? Fazer-me alguma coisa a mim? Que sou tão BOM? Isso é que era bom!". O que é que tem a dizer acerca disto?
- Melhor do que eu, estará qualquer ser humano neste mundo para responder a essa questão. Não me julgo nada melhor que eles, sabe? Sou nada.

- Aqui temos um bom exemplo de como Modéstia a mais também se torna irritante e outro que reafirma o ditato: "A modéstia fica-vos tão bem!". E bom... daqui de Reguengos de Carrapacha parece que é tudo. Eu sou a Micaela Moura Guedes e este é, o Jornal Irracional.

terça-feira, agosto 23, 2005

Profundo (mega) querer

É um profundo desejo… uma tragédia, um perigo… dor.
Será talvez demasiada sensibilidade magoada, saturada, por esta parvalhada.
Todos pretendem alcançar o que “nunca realmente se possuirá”, visível, com um épico mal-encaminhado furor.
Vivo um pesadelo por sonhar que acordo mais tarde, e vejo que a ordem prevalece, ao invés da constante confusão humanizada.

Não saberei, nem desconfio ou sequer imagino o futuro da mega nação.
Poderei oscilar entre o optimismo da ilusão e a necessidade da realidade:
Uma magnífica e pacífica força singular, ou a inocência da mega aniquilação.

Não houve sorte genética, nem probabilística, nem genial…
Se bem que, com todas juntas, talvez assim, nascesse o ideal.

Bastariam poucas palavras, poucos conceitos,
Os acertados, os Verdadeiros…
E aí sim, renasceríamos… perfeitos.

Estaria a máquina humana preparada esse mega abraço?

Talvez seja apenas um sonho comum a poucos, no pesadelo de todos…

sábado, agosto 20, 2005

Ensaio Sobre o Agora IV: A Questão

Os mais atentos sabem que, a todo o instante, falecem pessoas. A grande maioria dessas mortes apenas serve para engrossar as já morbidamente obesas estatísticas.
Num universo descodificado, simplificado e óbvio, seria possível descortinar a razão e o sentido do ciclo nomeado de “vida”.
Apesar de (pensar?) conseguir vislumbrar a luz do farol lógico, a névoa, por vezes, enfraquece e subjuga o brilho, em muito, graças à educação falaciosa e, no fundo, negligente, da qual (quase todos) somos vítimas inconscientes.
E a rainha das questões incrementa o próprio peso…
Afinal, qual é a finalidade?
Errarei ao procurar soluções e colocar a questão no princípio. Soa-me mais lógico que, na maior parte das existências, o ciclo atinja o seu propósito durante a sua vigência, ao invés de se verificar num dos dois extremos.
Contudo, perante uma possível resolução e resposta da questão, verifico que ganhei a entrada para uma galeria de problemas e incoerências, de teorias e hipóteses, de imaginações e sonhos.
Será que observo o real? Não será uma “brincadeira” da massa cinzenta?
Se por um acaso me iludo… humpf, irónico, pois esperarei que o puro acaso mo apresente.

Fica traçado então o caminho…

quarta-feira, agosto 03, 2005

(remix) Lisboa com Saudade da Beira

Trinava as cordas da viola,
Batia o sapato e a sola,
Gemendo em Desaforo
(só lhe faltava o coro)
À "Menina e Moça", Lisboa
No último raio de Sol que soa.

Ao mar que chora chamam Tejo,
Lavam-se lágrimas desse pranto
Que banha as terras das serras de Monsanto.

E o jantar? Refastelado,
Ouvia cantar o fado inspirado
Na Beira Saudades Dela.
Da Bela Saudade Dela.